quinta-feira, 25 de julho de 2019

Fora do Brasil pela primeira vez

Restaurante na estrada do Uruguai, visual da Califórnia remete aos escritores e movimento Flower Power dos anos 60
— Cambio?
Perguntou o garçom na pequena cidade Chuy, no Uruguai.
Imediatamente respondi:
— Seis marchas, apontando para a minha potente Agrale SXT 27.5 estacionada à frente do pequeno restaurante.
Dou mais um gole na cerveja Norteña, que desce gelada pela garganta seca, com preguiça olho à minha frente. Vejo a avenida movimentada que divide o Brasil e o Uruguai, de um lado da avenida se fala português é o Chui basta atravessá-la para ouvir o espanhol na cidade uruguaia de Chuy. Nessa condição, confundir as palavras é fácil, ainda mais para mim, que fazia minha primeira viagem para fora do Brasil.

Traído pelas palavras

O garçom virou as costas e saiu com cara de poucos amigos, como se eu estivesse fazendo pouco caso de sua pergunta. Eu não entendi muito bem e continuei a bater papo com o meu grande amigo Marco Aurélio — quem também fazia sua primeira viagem para fora do Brasil.
Terminamos nossa cerveja e fomos pagar, mais uma vez o garçom ficou bravo, e ele tinha razão.
Não tínhamos trocado os nossos Cruzeiros, pelo Peso uruguaio, ou seja não havíamos feito o tal "câmbio" que ele havia perguntado na primeira vez.
Claro que ri bastante da situação, atravessamos a rua e fomos "cambiar" nosso dinheiro por moeda local. Pagamos a conta, subimos na moto e seguimos viagem pelo "estrangeiro" aprendendo a cada dia as lições que apenas as viagens proporcionam.
Mais a frente, percorrendo a auto estrada 9 rumo ao litoral, paramos em um dos lugares mais loucos que já conheci. Chamado Parador Del Litoral, tinha por dentro os ares da Califórnia. Parecia que os personagens do escritor Jack Kerouac foram inspirados pelo dono do bar. Barba barba longa, cabelos enormes, fala mansa e tatuagens pelo corpo faziam dele um figura incrível.

Buenas


O calor escaldante, típico do verão uruguaio, nos forçou a tomar mais uma Nortenã e dar risada da situação vivida quando atravessamos a fronteira. Alguns cervejas depois, com nosso portunhol, tipicamente embriagado, explicamos ao dono do bar o motivo de tanta risada.
Ele riu também enquanto trocava o disco vinil da vitrola e aumentava o volume. Ao som de Janes Joplin, ligamos nossas motos e seguimos pela estrada prontos para conhecer o pequeno e simpático país vizinho.
Cicero Lima (à esquerda) e Marco Aurélio, grandes lembranças das viagens nos anos 90 pelo Uruguai